Brasília – O governo brasileiro pretende implementar um imposto de 10% sobre lucros e dividendos enviados ao exterior como parte de uma estratégia para compensar a perda de arrecadação gerada pela ampliação da isenção fiscal para pessoas de baixa renda. A informação foi revelada por duas fontes com conhecimento do assunto.
A medida impactaria diretamente multinacionais com subsidiárias no Brasil, que atualmente se beneficiam de isenções para remessas ao exterior, previstas na legislação de imposto de renda corporativo de 1995. O Ministério da Fazenda ainda não se manifestou oficialmente sobre a proposta.
O Palácio do Planalto confirmou que apresentará a proposta de reforma tributária nesta terça-feira, às 11h30, em Brasília. Em 2024, os lucros e dividendos enviados do Brasil para o exterior somaram US$ 69,7 bilhões, enquanto as entradas na mesma categoria foram de US$ 24,1 bilhões, segundo dados do Banco Central.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido a importância da reforma tributária para garantir maior justiça fiscal e equilibrar as contas públicas. No entanto, detalhes sobre o funcionamento da isenção e da compensação fiscal ainda não foram esclarecidos, gerando preocupações entre investidores sobre o impacto da medida nas finanças do país, que já enfrenta desafios com o aumento da dívida pública e das despesas obrigatórias.
Taxação dos mais ricos
Segundo as fontes, a taxação dos lucros e dividendos enviados ao exterior será complementar à já anunciada alíquota mínima efetiva para pessoas físicas com renda superior a 600 mil reais por ano. As alíquotas deverão ser progressivas, garantindo que aqueles com rendimentos mais altos contribuam proporcionalmente mais para a arrecadação.
O governo busca equilibrar a necessidade de arrecadação com medidas que incentivem o crescimento econômico e reduzam as desigualdades. No entanto, a proposta ainda pode sofrer ajustes antes de sua votação no Congresso.